Porém, se tem uma coisa que eu não gosto é falar do meu passado. Gosto de pensar no futuro, no que vai acontecer daqui a 20 minutos se eu sair mais tarde do trabalho. Vou ter um furo ou vou conhecer o homem da minha vida? Vou ser assaltada ou achar uma mala cheia de dinheiro? Ser parada por um cara em um carro luxuoso ou ser parada por um carro luxuoso por pensarem que sou uma puta? Esses vários caminhos sempre me excitam e eu pago pra ver o que aconteceria se fosse possível.
Mas antes não tivesse pensado nessas coisas. Certo dia eu estava indo ao aeroporto por que um cantor muito famoso na época estava com uma polêmica por ter citado outros cantores com palavras obscenas na letra da sua música. Mas pensando bem, era uma coisa normal pra esses cantores de rap. O que seria do rap sem rincha? Mas eu estava concentrada e nada poderia ser mais importante do que eu conseguir uma exclusiva com ele.
Eu desci muito apressada do táxi e pedi pro taxista esperar, afinal eu tinha dinheiro pra dá pra todo o bairro e ainda sobrava. Era o voo 707 e eu estava muito longe dele. O aeroporto estava cheio de jornalistas de televisão. De blogueiros e jornalistas de editoras. Era uma coisa normal agora, por exemplo, publicar coisas pequenas em nome de grandes editoras de livros. Ainda bem, por que essa paga muito bem quando a notícia é boa. Diferente das outras, consideradas lixos. Eu nem tava vendo por quem eu passava pois só olhava para os números nos letreiros. 450, 498, 523.. E quando eu vi eu estava no chão. Eu bati em um homem que passava despercebido. Bati é uma palavra que
Não se encaixa na situação. Eu atropelei o rapaz. Mas quando olhei tudo que eu vi era uma mulher na fila pra comprar o bilhete pra ir para Califórnia.
Ela estava triste, lagrimas percorriam internamente nela mas ela não demonstrava nada. O caixa estava chegando cada vez mais perto e ela pronta pra ir embora. Ela tremia, ela estava com medo de ir mas tinha que ir. Até quando se ouve um grito. Um chamado que parecia ser pra ela. Um rapaz, desesperado corria em sua direção. Os olhos delas se arregalaram, ela paralisou, ela não sabia o que fazer. Ela queria ir na direção dele mas ela não conseguiu sequer dar um passo. Agora as lágrimas jorravam de seu olhar arrependido. Ele tentou, ajoelhou, implorou pra que ela não fosse embora mas tudo já tinha acabado. Ela disse que
Não tinha mais volta. Ela deveria voltar pra onde ela nunca deveria ter saído. Ele prometeu mudar mas ela não acreditou. Ele pediu uma segunda chance mas ela era uma mulher onde não se pode errar uma única vez. Aos prantos ela foi correndo pegar seu voo e o rapaz ficou no chão chorando como se sua vida não valesse mais nada.
Até então eu voltei a mim. E vi que o rapaz que eu esbarrei era o mesmo que eu acabara de ver se importando com uma mulher que eu jamais tinha visto. Ele pediu desculpas e foi embora. Eu me levantei, sentei, perdi a noção do tempo e só estava tentando entender o que tinha acontecido. Eu senti como se fosse aquela mulher. Eu senti como sem fosse aquele homem. Era como um sonho. Era como se aquilo tivesse acabado de acontecer. E aconteceu.. Era óbvio. Por isso ele tava deprimido. Por isso que aquele avião acabou de partir com tanta dor. Era como se eu tivesse visto uma memória dele. Mas aquilo era impossível. Como eu poderia ver a memória de alguém? Não existem super heróis, muito menos poderes paranormais como "ler pensamentos". Então eu levantei e fui pra casa. Tinha esquecido totalmente da entrevista e por isso, provavelmente, levaria uma bronca enorme. Mas eu simplesmente aceitei e fui pra casa. E pesquisei e tentei achar uma solução. Mas nada se encaixava. Foi assim que minha história começou....
Esperando ansiosa por um livro de sua autoria :3
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