quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Memórias Ao Silêncio: Parte 8 - Sonho ou Realidade ? Desejos Mais Profundos do Meu Coração







      Não sei como me arrisquei tanto ao ponto de enfrentar ele. Ali aconteceu tudo e ao mesmo tempo não aconteceu nada. Eu não sabia o que era sonho e o que era realidade. Eu nem sabia se eu realmente estava ali ou se era apenas fruto da minha imaginação enquanto eu dormia no meu sofá. Mas fato é que eu não sentia seu cheiro e não sentia nada que eu tocava. O que me dava uma sensação de que aquilo realmente era pura verdade. Não foi tão difícil, por que depois de um tempo eu já sentia que eu estava parando de suar. Aos poucos eu estava relaxando, e ficava olhando pra ele que estava admirando minha estante repleta de bonecos e de fotos minhas. Ainda bem que não havia nada constrangedor naquele momento ali. Não me lembro de ter passado tanto tempo sem falar nada na presença de alguma pessoa, mas dessa vez parecia uma eternidade. Parecia que ele quisesse eu começasse algo.
      Então olhando mais algumas das minhas fotos, ele comentou algo de uma que eu tinha tirado quando me formei quando era pequena. "Você era até fofinha quando menor". Fofinha ? Eu tava com a cara inchada de raiva por que eu queria comer o bolo da festa mas ninguém deixou. Tive que ficar tirando fotos pra Mãe e pro Pai guardarem de recordação. Eu me levantei e com um pouco de dificuldade, peguei a foto. Falei algo de que não queria me lembrar daquela época. Eu era muito perturbada pelos meus 'coleguinhas' de classe. Então fui até um pouco mais longe da sala, lá na cozinha que era bem dizer no mesmo local pra beber um pouco de água. Eu estava começando a ficar nervosa novamente.
      Parei em cima do balcão, encostada enquanto ele vinha em minha direção fixando seus olhos em mim. Parecia que eu tinha algo que ele queria, que se ele não obtivesse aquilo naquela hora, ele poderia morrer. Com olhos tímidos, eu olhei para baixo, e bebendo outro gole de água enquanto na outra mão eu tremia com a fotografia emburrada. Eu conseguia presenciar a sua presença de que estava chegando cada vez mais perto, e a temperatura do meu corpo se elevava, e eu gelava ao mesmo tempo. Eu perguntei a ele o que ele queria lá na minha casa, já que não tinha motivos reais dele ter ido lá. Ou pelo menos tentei perguntar, pois minha voz saiu baixa e tremula.. Como se eu estivesse com medo. Talvez estivesse mesmo com medo da resposta que ele daria para mim. Cheguei a pensar que falei tão baixo que mesmo com os ecos minhas palavras não haviam chegado até aquela pessoa.
     Foi quando percebi que ele já estava bem na minha frente. Suas mãos de modo que me deixava presa em ambos os lados. Eu levantei meus olhos devagar, quase que automaticamente mesmo não querendo olhar para ele, apenas ouvir. Mas não adiantou.. Minha cabeça se moveu e olhou direto nos dele e ele resmungou bem devagar.. "Eu quero você..".. e aos poucos foi se aproximando cada vez mais dos meus lábios finos com seus lábios carnudos. Sua mão direita me puxou para perto do seu corpo, enquanto sua mão esquerda já estava bem atrás do meu pescoço, bem presa aos meus cabelos. Eu comecei a sentir a fervura da sua boca e ao longe uma voz me chamando... Cris..
      Quando me dei conta, a gente ainda estava sentado no mesmo local. Tudo não passava da minha imaginação ? Ou era um desejo meu...
      Ele perguntou se eu estava bem, então respondi que sim e meio que nervosa levantei pra pegar um pouco de ar na janela. Então ele falou que sentiu minha falta hoje na faculdade, e que tinha se preocupado comigo por isso tinha visto me ver. Realmente uma surpresa alguém se preocupar comigo aquela altura do campeonato. Mas falei que estava tudo bem e que na próxima semana eu iria de boa. Mas eu ainda não prestava atenção em várias coisas que ele estava falando. Eu só estava pensando naquele sonho que tive acordada. Como meu desejo chegou a tanto? Eu já estava me sentindo tonta, e então eu me vi desmoronando... Mas graças a ele, não desmoronei. Ele me segurou firmemente em seus braços e logo voltei a mim mesma. Não foi enjoo nem nada parecido. Apenas senti minha alma saindo do meu corpo e voltando, como se ela quisesse que algo fosse feito ali. Então ele falou que foi sorte a minha ele está lá naquele momento. Ele não imaginava sua vida sem a minha. Como assim ? Ele realmente falou isso ? Eu fiquei mais do que surpresa, fiquei chocada. Ele sentia o mesmo que eu sentia por ele. Ele queria o mesmo que eu queria... então mais uma vez, só que dessa vez, de verdade, nossos lábios se aproximaram novamente. Tanto quanto real, era fascinante. Mas eu não consegui, e em uma tentativa falha, falei para ele sair de perto de mim. Mas minha voz não saiu, apenas meus lábios se mexeram. Não acredito que naquele momento mais íntimo com ele, ela resolveu se meter novamente. Tudo que eu pude fazer foi apenas gestos para que ele fosse embora, e que semana que vem eu iria está melhor. Então ele foi embora e eu fiquei naquele lugar isolado e denso. Passava a pesar mais a minha existência. Como eu iria conseguir viver sem ao menos conseguir falar ? Jamais imaginei tamanhas consequências, então eu fui dormir e rezar para que isso não estivesse acontecendo. Viver sem voz era o mesmo que não viver...

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