quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Memórias Ao Silêncio: Parte 3 - O Belo Pôr-do-Sol





      De todas as coisas que eu poderia imaginar, nunca pensei que eu iria está aqui agora. Não aqui, exatamente aqui. Eu pensei em estar com você aqui, mas nunca achei provável que isso acontecesse. 2 meses se passaram desde daquele jantar e passamos por altos e baixos. Digo, não que brigamos, mas "altos e baixos" em termos de trabalho em equipe. A pior coisa que pode existir é o tal de trabalho em equipe. Por que ela nunca funciona perfeitamente. Malditos escorões.
      Mas nada que todos pudessem superar. Afinal, pesquisa de campo não é tão ruim assim. A verdade é que era sobre comida. Dai foi bem difícil para mim, que já não posso mais sentir os cheiros das coisas. "foi-se meu olfato". Eu gosto de falar assim. Mas, sem desanimar, conseguimos então concluir nossa pesquisa, e ainda comemos diferentes tipos de comidas que eu nem pensei que existiria. Quem sabe por que sempre fui daquelas que sempre ficava em casa. Mas isso não vem ao caso, já que 2 meses se passaram e nos encontramos aqui, na praia.
      Sim, praia. Eu odeio praia. Eu sou branca demais. Pareço brilhar mais do que o sol. Tem gente que diz que eu tenho duas cores. Não que eu me importe com a opinião dos outros, porém as vezes eu gosto de ser realista. Mas nada importava, por que você estava lá ao meu lado. Estávamos descalços, andando na areia da praia, com alguns instantes pra o mar cobrir nossos pés um pouco, e fazendo com que nos afundamos. Seria bem mais perfeito se eu estivesse sozinha com você, é claro. Mas não seria tão bom. Os outros também vieram, e isso serviu para que tudo saísse de forma calma e totalmente natural.
      Eu já tinha até esquecido que eu tinha um tempo de vida determinado sabe. Seu corpo é bem caloroso. Um pouco (Ou talvez bastante) mais alto do que eu. Eu me sentia bem confortável ao seu lado. Não podia mais sentir seu cheiro, mas eu podia sentir sua pele, podia te tocar e sentir aquela temperatura alta o bastante para me sentir aquecida e relaxada.
      Sabe o que eu mais gostava em você ? Do seu sorriso. Ele era bom demais. Eu me sentia em um local totalmente seguro quando você sorria. Um lugar onde mesmo se o mundo acabasse, eu ainda estaria viva. Você sempre no seu jeito despojado e sempre esbanjando felicidade pra onde olhasse, me conquistava mesmo sem saber. Pensando bem, acho que por isso que eu me apaixonei loucamente por você. Despojado, alegre, sorridente, sempre leva tudo numa boa. Até mesmo pagando mico. Lembro de uma vez que você ficou um dia inteiro vestido de abelha (se fosse eu, nunca mais olhava na cara de ninguém). Aquela fantasia era ridícula. Não deveria nem existir. Jamais deveríamos jogar poker novamente.
      Mas então, por um instante nos separamos. Ele foi comprar água e eu fiquei por um bom tempo sentada em um lençol na areia. Uma parte (Não era uma parte, pensando bem era o grupo todo menos eu) estava jogando vôlei de praia. Até que eu queria estar lá, mas fiquei com medo de que rissem de mim por não saber nem me posicionar. Mas naquele instante algo inesperado aconteceu. Por um corte e um bloqueio, a bola veio em minha direção, então como qualquer pessoa, apenas fui pegar e jogar de volta pra eles. Mas antes não tivesse feito.
      Naquele instante, algo doloroso eu senti. Ou na verdade, não senti. Sim, por algum motivo eu não consegui pegar a bola. Na verdade peguei porém não senti ela. Não senti... sentir... sentir. Então ele chegou. Olhei para ele, desesperada por dentro.. Rezando para que isso não estivesse acontecendo. Então em uma tentativa de que aquilo tivesse sido um sonho acordada, eu toquei ele... E quando toquei, não senti ele. Não sentir sua pele. Não senti o calor que emanava dele. Perdi mais uma parte. Minha doença vence sobre mim mais uma vez e então leva consigo o meu tato... consigo leva o pôr-do-sol.

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