Outro dia, uma amiga veio aqui em acasa, começamos a conversar e acabei, meio a contragosto, emprestando um livro para ela ( Sim, sou essa pessoa chata que não gosta de emprestar livros! Ninguém devolve. Sei disso porque estou cheio de livros dos outros em casa ) Bom, depois que emprestei, fiquei todo curioso para saber o que ela tinha achado. Ela não costuma ler muito, mas eu tinha a certeza de que, desse livro, ela ia gostar. Depois de meses enrolando, ela finalmente começou a ler. Daí um dia, ela entra no MSN e fala: “Terminei o livro”. Pergunto: “E aí, e aí?” E ela responde: “Ah, não gostei do final”.
Sério. “Não gostei do final”: Isso é tudo o que ela tinha a dizer ? Suspirei e perguntei o que ela achou, então das outras 290 páginas, já que não tinha curtido as últimas dez. “Ah, sei lá, acho que a história ia acabar indo para outro lado”, ela respondeu. De novo, a danadinha focada no final. Desisti e não comentei mais sobre o livro ( A não ser para cobrar a devolução ). E fiquei pensando: quantas vezes a gente não dá muito mais valor ao final das coisas do que à história toda ?
Nem é só com livros ou filmes. Tem gente que tem um namoro perfeito, que durou três anos felizes, sem nenhuma discussão. Ok, isso não existe. Mas, enfim, o namoro foi lindo a maior parte do tempo e teve um final péssimo - Digamos o cara se apaixonou por uma menina e ambos fugiram para o Caribe. Por que essa parte tem que apagar os três anos inteiros, como se eles não tivessem valido a pena ?
E isso acontece comigo agora ( Não fugi para o Caribe). Mas uma pessoa que me fez bem durante um bom tempo. Quando a conheci, nunca pensei que teria tantas noites boas na minha vida. Durante, quase, dois meses, não lembro exatamente, tive tudo o que eu precisava: uma amiga. Enfim, noites após noites conversávamos sobre tudo um pouco até o dia amanhecer. Perfeito mas com tudo isso, algo inevitável aconteceu: me apaixonei por ela e hoje a amo mais que tudo. Enfim, tive que fazer uma coisa ruim: Ou eu tinha tudo ou não tinha nada. Não conseguia tê-la apenas como amiga, queria ir mais além. E hoje fico noites sem dormir pensando nela, pensando se ela está bem, com fome, com sede, sono e etc. Lembro que ela falou para mim “Desculpa, por eu te fazer sofrer” e foi uma facada no peito mas começei a pensar que será que é só o fim que importa ?
tenho uma amiga que ama com todo o amor dela detonar o ex porque ele a largou de repente (embora não tenha fugido para o Caribe com ninguém) Hoje, ela já está toda serelepe com outra pessoa, mas, se você perguntar sobre aquele namoro, ela já vai respondendo que foi uma história sofria, que quase morreu e tal. Ou seja, os momentos em que os dois tomava sorvete, os passeios, a harmonia, tudo sumiu, e ficou só um cara sem coração e um fim sofrido. Pior, ficou aquela sensação de “Não deu certo”. Aliás, se tem uma coisa que sempre detestei nos meus fins de namoro é quando alguém me perguntava: ” Ah, mas por que não deu certo?” Só porque acabou, não deu certo? Para mim passar um tempão feliz com alguém é, sim, dar certo com essa pessoa, vai.
Uma vez, um amigo meu, superneurótico com dieta, ficou tão encanado com o tanto que tinha comido numa festa que foi embora para casa de cara fechada, depois de uma noite bem divertida. Também uma amiga que, no último dia de uma viagem de um mês, quebrou um dedo e ficou tão mal-humorada que nem gosta de se lembrar da viagem. Sério, foram tantos dias ótimos, mas ela só se foca no último. Já me peguei fazendo isto também: encanando com a parte chata de uma conversa que, pela noite inteira, foi tão agradável; recordando justamente da parte “Talvez, devéssemos ser apenas amigos”. Por quê ? por quê ?
Pode ser hábito, pessimismo, memória ruim. Sei lá. Só sei que eu não faço a menor ideia se existe vida depois da morte. Sem querer ser mórbida nem nada, se não existir, a gente vai ter que se contentar com um final bem sem graça para nossa trajetória: puf, sumimos da Terra. E ai, a vida valeu menos a pena por causa disso ? Não acho. Prefiro me focar em tudo que passei de bom. Prefiro me focar nas 290 páginas que eu aproveitei. Certo, o fim dói quando é triste e fica marcado porque queriamos que fosse diferente mas o que passou também importa.
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