segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

O Perfume Dela





      Era apenas mais um dia qualquer, apenas mais um domingo de folga para ele. Então resolveu sair pra resolver alguns problemas e dá uma volta no shopping. Não sabia ele se ia social, se iria esportivo ou se iria maloqueiro. Não sabia o que as pessoas iriam pensar dele afinal. No fim, foi uma mistura dos três, assim agradaria uma parte de cada. Então ele foi, pegou dois ônibus e um metrô. Cada um mais lotado do que o outro. Para ele era apenas um dia normal, um dia de folga normal. Então ele foi, sem se preocupar com nada, apenas aproveitando o dia.
      Então chegou, entrou e não sabia o que fazer. Para onde iria, se era pra direita ou para a esquerda. Então resolveu ir em frente. Então ele foi, subiu as escadas e arrodeou todo o shopping. Resolveu seus problemas, lanchou, jogou um pouco de boliche e se divertiu. Mas era apenas mais um dia, um dia normal como qualquer outro. Ele viu muita gente, muitas mulheres. Mulheres de todos os tipos: Morenas, branquinhas, altas, baixas, fortes, magras, com peitos grandes e pequenos, com bunda grande e pequena, com olhos puxados, com bocas carnudas, mal vestidas e bem vestidas, de short, de saia, de vestido, com óculos escuro, com óculos de grau, com sorriso, com lágrimas, com farda, com estresse..
      Então ele resolveu voltar para casa. Afinal, não aconteceu nada demais, foi apenas mais um dia para ele. Então ele novamente subiu em um ônibus lotado e foi pra estação. Porém, desta vez ele ficou em pé, não havia mais lugar para ele sentar. Um pouco à frente dele, quase de lado havia uma linda garota. Ela era da altura dele, aparentava uns 1,70 de altura, tirando o fato que ela tinha mais uns 5 centímetros por causa do salto alto. Uma blusa meio amarelada transparente que dava pra ver por completo a parte das costas dela. Claro, um pouco vulgar se ela estivesse de frente para ele, assim daria pra ver os seios dela mas foi algo mais sensual.
      Junto com sua blusa, ela estava de saia. Mas não era uma simples saia, era uma saia longa mas que parecia curta por causa da altura dela e dos pernões que ela tinha. Uma saia preta de bolinhas brancas. Um batom cor de rosa, combinado com seus lábios carnudos que dava vontade de querer arrancar um beijo dela sempre que a olhava. Seus cabelos era bem soltos e aleatórios. Era do tipo que ele não deveria mexer senão ela ficaria com raiva, dependendo da ocasião.
      Alguns detalhes que não importavam mas foi visto por ele, como umas pulseiras pretas que ela tinha no seu pulso direito, como a unha grande pintada por base e com francesinha. As mãos delas tocavam com tanto cuidado o ferro do ônibus, como se fosse machucá-lo. O único jeito de ver o rosto dela era através do vidro, que refletia um pouco a sua imagem. Por um bom tempo ele ficou olhando cada parte do rosto dela, analisou toda as expressões dela e seu olhar meio desconfiante mas ao mesmo tempo meigo. Reparou também que depois de um tempo ela começou a fazer o mesmo, até por que ele estava quase atrás dela então natural ela se assustar um pouco mas logo ela se acalmou.
      Mas o que chamou realmente a atenção dele foi o perfume dela. Aquele perfuma impregnou nele. Ele não pensava em nada além do perfume dela. Ele cheirava como um campo de flores, era um cheiro que viciava, que ele poderia ficar ali a vida toda dele com aquele cheiro tão bom. Foi quando começou uma troca de olhares através do vidro, e ela pra provocar, tirava o cabelo dela do pescoço e deixava ele a amostra. Se ela soubesse o quanto ele gostava de pescoço, saberia que isso é uma provocação para ele. Mas e ele. não podia fazer nada. Ficava tentando a querer beijar aquele pescoço tão liso, tão macio. Sempre que ela jogava os cabelos e mostrava o pescoço, o perfume subia e os instintos deles aumentava cada vez mais. Então ele se aproximou mais dela, como se fosse agarrar ela pela cintura e beijar loucamente aquele pescoço que pedia por carinho. Então ela jogou uma terceira vez o cabelo para trás e com um olhar nos olhos dele pediu para que ele fizesse isso. Mas ele não fez, talvez fora a imaginação dele que deu a entender isso. Mas ele se sentiu lá naquele lugar, atrás dela, agarrando-a como se não houvesse mais ninguém naquele lugar. Como se fosse apenas o mundo deles. Então ele pode beijar, morder subir pra orelha e enfim terminar naqueles suculentos lábios.
      Beijo. Aquilo não poderia ser definido como beijo. Era mais. Era muito mais que beijo. Era como fome, algo que eles tinham que fazer pra saciar a fome deles. Foi bem devagar, cada movimento bem calculado e bem lento para aproveitar cada canto de sua boca. A língua entrava encontrava a dela, e depois saia com uma vontade de querer voltar. E como estava mais perto, mais forte ficou o cheiro do perfume dela. Ele a puxou mais pra perto, como se quisesse entrar no corpo dela, segurou com firmeza sua cintura, colou sua mão direita por trás do seu cabelo e a beijou loucamente. Beijou para tirar aquele batom rosa que ela tinha, pra tirar o fôlego dela, para fazer ela perder todos os sentidos, perder a noção do que era certo e se perder.
      Foi quando ele notou que tudo não passava de uma ilusão criada pelo cheiro do perfume dela. Notou também que acabava de chegar à estação e então desceu. E ela já havia descido. E com um último olhar, eles sorriram. Então ele pensou se talvez ela também tivesse vivenciado aquele momento paralelo com ele. Passou por junto dela pra sentir e gravar pra sempre na sua memória aquele cheiro tão bom do perfume dela e então foi embora. Afinal, aquele não era só mais um dia normal, era o dia em que ele conheceu uma mulher sem precisar trocar uma palavra com ela. E também o dia em que ele descobriu seu perfume preferido. Era o perfume dela. O perfume de flores.

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