sexta-feira, 7 de março de 2014
Memórias Ao Silêncio: Parte 10 - O Avermelhado Nascer do Sol
Eu não entendia nada ali. Não entedia ninguém e também não entendia por que as pessoas se reuniam de madrugada, na areia da praia, num frio desgraçado pra ficar tocando músicas em um violão envolta de uma folgueira. Tinha mais ou menos umas 10 pessoas. Apenas uma delas sabia tocar, então as outras nove cantavam enquanto ficavam abraçados com o seu "par". Sim, como mencionei antes, era de casal. Nunca me senti tão feliz na minha vida (não diante daquela desgraça toda que acontecia comigo constantemente). Mas ser o "par" dele me fez esquecer de tudo novamente.
Isso me lembra daquela vez em que estávamos em uma praia, andando lado a lado. Era quentinho e eu tinha você só pra mim ali. A única lembrança ruim era aquela... Até hoje eu não sei mais o que é sentir algo quente. Eu também esperava que nada de ruim acontecesse. Até por que era meu segundo momento só com você. Estava eu sentada em um lençol e coberta com o seu casaco enquanto ficava deitada no seu peito e ouvindo todos cantarem uma música da Amy Winehouse. Parando pra pensar, ela daquele jeito até que ficou boa. "You Know I'm Not Good".. Soava tão bem quanto minhas músicas que tocavam na viajem pra casa antigamente. Mas não fazia sentido eu está coberta, por que eu não sentia nada. Não estava nem um pouco com frio mas eu não queria sair daquele lugar tão aconchegante.
Aquela praia era um lugar tão lindo. Atrás, tinha umas pedras com escadinhas que dava acesso até a rua, onde era iluminada por prédios enormes. Não tinha um pingo de gente na rua.. Também.. aquela hora.. Claro que não teria. Mas onde a beleza se concentrava mesmo era na nossa frente (ou pelo menos na minha frente. Depende de onde você estivesse sentado). A Lua. Eu nunca tinha parado pra reparar tanto ela quanto naquele dia. Estava enorme e parecia que seu brilho era mais intenso do que o do Sol. Era uma coisa linda de se ver. Ela refletida na água, fazia com que nossos olhos pensasse em momentos, em coisas que não foram feitas e que deveria ter sido feitas. Ela refletia além da lua, o nosso passado também.
Quando me dei conta, todo mundo tinha ido pra casa de praia logo ali para pegar um lanche e fazer suas necessidades, enquanto ele ficava parado admirando o vasto oceano. Eu me perguntava o que tanto ele pensava. Era muito misterioso e nunca falava o que pensava. Parecia que era a última vez que ele veria a lua e queria decorar bem todos os centímetros dela. Me aproximei dele e meio que suspirando eu falei que ele deveria se descontrair mais (Na verdade, era eu quem deveria me descontrair mais). Começamos a andar e durante um tempo conversamos apenas sobre coisas sem sentido. Algo como a extinção dos Seres Humanos, e o que haveria no fundo do oceano quando ele secasse. Mas isso fez com que a gente se aproximasse bastante, e quando dei conta, estávamos coladinhos de novo. Andamos tanto que já perdemos a visão da casa e tudo que eu podia ouvir era as ondas batendo nos arrecifes e em nossos pés.
Em um instante, ele resmungou que sentiu uma forte dor de cabeça então eu sugeri que era melhor nós voltarmos para casa. Voltamos o percusso todo em silêncio mas de mãos dadas. Parece que foi a melhor conversa que eu já tive na minha vida com ele. Deitamos na rede do terraço, enquanto o céu iria clareando aos poucos. Creio que todo mundo já tinha ido dormir, então eu era a unica acordada. Meus olhos queriam se fechar, mas meus ouvidos doíam e o som da maré iria ficando cada vez mais longe. Então, o sol nasceu. Eu não ouvia mais nada. Uma lágrima escorria no meu rosto. Meus olhos fechavam, e meu mundo acabava..
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